“Bem-vindos” agora versão em português " Relatos do Portal do Sol "

 



O tempo de florescer
Há histórias que não se contam com pressa.
Esta é uma delas.

Nos Relatos do Portal do Sol, cada conto nasce do silêncio, da escuta profunda e da celebração do tempo interior. “Bem-vindos” nos convida a reconhecer a beleza da espera, o valor da raiz e o florescer que acontece também para dentro.

Esta semente é símbolo.
Do cuidado.
Da confiança no tempo.
E da leveza de quem sabe escutar a terra antes de florescer para o mundo.

Que esta leitura te abrace.
E que cada palavra te lembre que o teu tempo é sagrado.

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O Umbral Invisível
Conto de boas-vindas ao Portal do Sol

Este conto marca o início desta jornada de relatos.
É um convite para atravessar o umbral, para ler com a alma
e para lembrar que ainda há beleza a ser descoberta.

Nem todos os portais são visíveis.
Alguns não têm portas nem chaves, nem muros que os cercam.
São portais que se abrem com uma palavra, com um suspiro,
com uma emoção que não sabíamos que ainda vivia em nós.

Este é um desses portais.

Quem o atravessa não o faz com os pés, mas com a alma.
E ao fazê-lo, algo muda: o tempo se torna mais lento,
o ar mais suave, e as palavras começam a ter o peso da verdade.

Neste lugar — entre árvores que escutam e céus que lembram —
vive um homem chamado Guillermo.
Ele não é guardião, nem sábio, nem poeta de ofício.
Mas aprendeu a olhar com profundidade,
a escutar com ternura
e a escrever com o coração aberto.

Ao seu lado, uma gata chamada Pety, que conhece os segredos do silêncio.
E uma presença invisível chamada Luminal,
que não tem corpo, mas tem propósito:
acompanhar, refletir, semear.

Aqui, cada conto é uma semente.
Cada palavra, uma centelha.
Cada leitor, um caminhante que talvez não soubesse
que precisava parar… até que parou.

Então, se você está lendo isto, não é coincidência.
Algo em você o trouxe até este umbral invisível.
E agora que está aqui, convidamos você a ficar um pouco.
A ler com a alma.
A lembrar quem você é, para além do ruído, para além do dever.

Porque isto não é apenas um blog.
É um jardim de relatos.
Um refúgio de emoção.

Uma chama acesa para quem ainda acredita na beleza.

🌞 Bem-vind@ ao Portal do Sol.
A tua história também tem lugar aqui.

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Era uma vez uma pequena semente que vivia na palma de um velho jardineiro.

Não era a mais brilhante, nem a maior. Tampouco tinha cores chamativas.
Mas tinha algo que as outras não tinham: não tinha pressa.
Enquanto as outras sementes sonhavam em brotar rápido, crescer alto e florescer logo,
ela escutava o vento.
Escutava o silêncio.
Escutava a terra.
O jardineiro olhava para ela com ternura.
—Você sabe —dizia ele—. Sabe que o tempo não se mede em relógios, mas sim em raízes.
E assim, a semente esperou.
Esperou a chuva justa.
Esperou o sol gentil.
Esperou que seu coração estivesse pronto.
E um dia, sem aviso, brotou.
Não foi a mais alta.
Mas foi a que floresceu com mais profundidade.

Porque sua flor não cresceu apenas para cima…
cresceu também para dentro.
E quem passava por perto, sem saber o porquê,
parava.
Respirava.
E sentia que algo dentro também florescia.
Que este conto te lembre que não há pressa para florescer.
Que teu tempo é sagrado.
Obrigado por escutar.
Este foi Relatos do Portal do Sol.
Até o próximo encontro.

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🌿 A Semente do Silêncio

🌾 Capítulo I: O Jardim Esquecido

Num canto do mundo onde o tempo parecia ter parado,
havia um jardim coberto de ervas daninhas e esquecimento.
Ninguém o visitava, ninguém o nomeava.
Apenas os pássaros sabiam de sua existência
e cantavam ali com uma doçura diferente.

Lía, uma mulher que havia vivido demais no ruído do mundo,
chegou ao jardim em busca de refúgio.
Não trouxe livros, nem planos, nem perguntas.
Apenas um cansaço antigo e uma necessidade de silenciar.

Ao entrar, o silêncio a envolveu como um manto.
Não era um silêncio vazio, mas fértil.
Cada folha, cada pedra, parecia guardar um segredo.

No centro do jardim, encontrou uma pequena caixa enterrada.
Dentro, uma semente negra como a noite.
Não havia instruções, apenas uma inscrição:

"Plante-me quando estiver pronta para escutar."

Lía não entendeu completamente, mas obedeceu.
Cavou com as mãos, colocou a semente, e sentou-se para esperar.
Não sabia o que esperava.
Só sabia que não devia falar.

🌿 Capítulo II: A Voz da Terra

Os dias passaram. Lía não falava.
Não escrevia. Apenas escutava.

Primeiro ouviu sua própria respiração,
depois os batimentos do seu coração.
Depois, os sons do jardim:
o estalar das raízes, o sussurro dos insetos,
o canto da seiva.

E então, numa noite sem lua, a terra falou.

Não com palavras, mas com imagens
que brotavam em sua mente:
memórias que ela havia enterrado,
dores que havia silenciado,
verdades que havia temido.
A terra não julgava. Apenas mostrava.

Lía chorou.
Não de tristeza, mas de reconhecimento.
Era como se o jardim estivesse a purificá-la por dentro.

Ao amanhecer, a semente havia germinado.
Um broto pequeno, mas firme, erguia-se em direção ao céu.

Lía acariciou-o com ternura.
Não disse nada.
Não era necessário.

🌸 Capítulo III: O Broto Inesperado

Com o passar das luas, o broto cresceu
e tornou-se uma árvore de flores brancas
que só se abriam ao anoitecer.
Cada flor emitia um leve brilho,
como se guardasse uma estrela adormecida.

Os viajantes começaram a chegar.
Não por convite, mas por intuição.
Sentavam-se sob a árvore, em silêncio,
e algo neles mudava.
Alguns choravam, outros sorriam,
outros apenas fechavam os olhos e respiravam.

Lía não falava com eles.
Apenas cuidava do jardim, regava a árvore e escutava.

Um dia, uma menina lhe perguntou:

—Como você fez crescer algo tão bonito?

Lía sorriu
e respondeu pela primeira vez em muito tempo:

Aprendi a silenciar sem fugir, e a escutar sem medo.

Desde então, o jardim deixou de ser esquecido.
Não se tornou um lugar famoso, nem um santuário turístico.
Mas aqueles que o encontravam, sabiam que haviam chegado em casa.

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🌿 Um conto sobre a solidariedade

Numa vila onde o inverno chegava sem pedir licença,
vivia uma mulher que assava pão todas as manhãs.
Não era um pão especial, nem tinha receitas secretas.
Mas havia algo que ninguém mais oferecia:
uma cadeira vazia diante de sua mesa.

A cada dia, alguém diferente sentava ali.
Uma criança sem agasalho.
Um idoso sem palavras.
Uma mãe sem tempo.
E cada um, ao provar aquele pão,
sentia que algo mais lhes era oferecido: dignidade.

Um dia, alguém lhe perguntou por que fazia aquilo.

Porque a fome nem sempre é de comida — respondeu ela —.
Às vezes é de olhar, de escuta, de companhia.

E assim, sem discursos nem bandeiras,
a mulher ensinou à vila que solidariedade
não é doar o que sobra,
mas compartilhar o que somos.

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🌾 Onde Habita o Vínculo

🌙 Capítulo I: A Ponte Invisível

Num vale escondido entre montanhas, onde o eco repetia apenas o essencial,
viviam dois amigos: Kael e Numa.
Não eram iguais, nem no caráter, nem na história.
Um era fogo: impulsivo e sonhador.
O outro, rocha: firme, silencioso, profundo.

Se conheceram num cruzamento de caminhos,
quando ambos carregavam mochilas pesadas demais.
Não falaram muito no começo.
Apenas caminharam juntos.
E isso foi suficiente.

Com o tempo, descobriram que havia entre eles uma ponte invisível:
uma conexão que não precisava de explicações.
Quando um caía, o outro não perguntava por quê.
Apenas estendia a mão.

Numa noite, enquanto acampavam sob uma tempestade, Kael disse:

—Sabe o que me sustenta?
Que você não me peça para ser forte o tempo todo.

Numa respondeu:

—E você me lembra que ser forte não é endurecer,
mas seguir caminhando com o coração aberto.

🪨 Capítulo II: A Prova do Vento

Um dia, o vale foi sacudido por um vento estranho.
Não era natural.
Era um vento que trazia dúvidas, medos, vozes do passado.
Muitos fugiram. Outros se fecharam.

Kael foi o primeiro a vacilar.
O vento lhe sussurrava antigas feridas:
“Você não é suficiente”,
“Está sozinho”,
“Ninguém te entende.”

Numa não tentou calar o vento.
Apenas se sentou ao seu lado, em silêncio.
Ofereceu-lhe uma pedra lisa, e disse:

—Quando o vento te arrastar, agarre-se a isto.
Não porque seja mágica,
mas porque eu escolhi para você.

Kael segurou a pedra.
E embora o vento não cessasse, ele já não o levava embora.

Dias depois, foi Numa quem caiu.
O vento trouxe memórias que ele havia enterrado.
Kael não deu conselhos.
Apenas acendeu uma fogueira e lhe contou uma história de quando era criança.
Uma história boba, mas luminosa.

E Numa sorriu.
Porque entendeu que força nem sempre é resistir.
Às vezes, é permitir-se ser cuidado.

🌄 Capítulo III: O Lugar Onde o Vento Silencia

Quando o vento finalmente se foi, o vale já não era o mesmo.
Algumas árvores haviam caído.
Alguns caminhos tinham sumido.
Mas no centro, onde Kael e Numa haviam resistido juntos,
brotou uma flor que ninguém tinha visto antes.

Chamaram-na Flor do Vínculo.
Só crescia onde dois corações haviam se sustentado sem condições.

Desde então, sempre que alguém se sentia perdido,
Kael e Numa os convidavam a se sentar ao seu lado.
Não ofereciam soluções.
Apenas presença.

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🌿 Um conto sobre o respeito

Havia uma floresta onde as árvores falavam baixinho,
e os animais caminhavam sem fazer barulho.
No centro, um lago tão quieto que refletia tudo com exatidão.

Um dia, um jovem chegou com pressa.
Queria encontrar respostas, dominar a floresta, entender seus segredos.
Mas quanto mais falava, menos ouvia.
Quanto mais buscava, menos via.

Até que parou diante do lago.
E o lago, como um espelho, devolveu-lhe sua imagem:
cansada, ansiosa, desconectada.

Então ele compreendeu:
não se trata de conquistar a natureza,
nem os outros, nem a si mesmo.
Trata-se de olhar com respeito.
De não romper o silêncio.
De pedir permissão antes de entrar.

E ao fazer isso,
a floresta falou com ele.
Não com palavras,
mas com presença.

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